Cegos criam relações mais intensas e verdadeiras com a arte

A realizadora Maya Kosa considera que muitos visitantes têm “uma relação de consumo e superficial com as obras nos museus”, enquanto os cegos passam duas horas em frente a uma obra, criando “uma relação mais verdadeira e intensa”.

Maya Cosa e Sérgio da Costa, dupla de realizadores luso-suíça, foram premiados este ano no Festival de Cinema IndieLisboa com o filme “Antão, o Invisível”, sobre o trabalho do serviço educativo de um museu de Lisboa com deficientes – galardão entregue ex-aequo a “Num Globo de Neve”, de André Gil Mata.

“Há uma relação temporal diferente na descoberta duma obra pelas pessoas cegas”, sustentou a cineasta, contactada pela agência Lusa, sobre o filme, galardoado dois anos após a primeira longa-metragem da dupla, “Rio Corgo”, ter recebido o prémio para melhor filme português no Festival DocLisboa.

Filme “Antão, o Invisível” mostra como os cegos conseguem ver obras de arte

O filme “Antão, o Invisível”, da dupla de realizadores Maya Kosa e Sérgio da Costa, galardoado com o Prémio Árvore da Vida no Festival de Cinema IndieLisboa 2017, mostra como os cegos podem “ver” obras de arte num museu.

O filme acompanha uma visita de deficientes visuais e auditivos, feita por técnicos do serviço educativo do Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA), em Lisboa, à obra icónica “As tentações de Santo Antão” (1505-1506), tríptico criado pelo pintor holandês Hieronymus Bosch.

Os visitantes cegos “não podem ver com os seus olhos, mas podem ver de outra maneira”, disse à agência Lusa Adelaide Lopes, técnica do serviço educativo do MNAA, que participa no filme, descrevendo a obra a um grupo de cegos e a um jovem deficiente cego e surdo, através da linguagem escrita nas mãos.

 

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